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A nicotina é uma substância psicoativa com efeito estimulante do sistema nervoso central, presente naturalmente nas folhas do tabaco (Nicotiana tabacum). Atua nos receptores nicotínicos do cérebro, afetando o humor, o foco e o sistema cardiovascular. É uma das drogas mais consumidas e socialmente aceitas no mundo.
HISTÓRIA E CONTEXTO NO BRASIL
O tabaco é uma planta originária das Américas e já era utilizado por povos indígenas há milênios, especialmente nas regiões onde hoje estão Brasil e Caribe. Seu uso ritualístico e medicinal incluía a queima em cachimbos e defumações, sendo associado à espiritualidade, proteção e cura.
Com a colonização europeia, o tabaco se tornou um dos produtos mais lucrativos exportados do Brasil para a Europa, especialmente no século XVII. Ao longo do tempo, seu uso se popularizou em forma de cigarros industrializados. A partir do século XX, estudos passaram a demonstrar os riscos à saúde, o que levou à criação de políticas públicas de controle. Apesar disso, o tabaco ainda é amplamente consumido em todo o país.
FARMACOLOGIA
A nicotina atua nos receptores colinérgicos nicotínicos, estimulando a liberação de neurotransmissores como dopamina, noradrenalina e serotonina. Essa ação gera aumento da atenção, leve euforia e alívio temporário da ansiedade. A absorção varia conforme o método de uso:
Fumo (cigarro, charuto, narguilé): rápida absorção pulmonar (efeitos em segundos)
Sublingual (rapé, tabaco mascado): absorção pela mucosa oral
Adesivos ou gomas: absorção mais lenta e prolongada
A tolerância e a dependência química se desenvolvem com facilidade devido à curta meia-vida da nicotina e sua rápida ação no cérebro.
EFEITOS
Efeitos desejados (curto prazo):
Aumento do foco e do estado de alerta
Redução temporária da ansiedade
Sensação de prazer leve e estímulo mental
Supressão do apetite e relaxamento muscular leve
Efeitos adversos (doses elevadas ou uso frequente):
Náuseas, tontura, sudorese
Aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca
Irritação das vias respiratórias e tosse crônica
Diminuição da capacidade física e fadiga
Sintomas de abstinência ao interromper o uso (ansiedade, irritabilidade)
USO CRÔNICO E DANOS ASSOCIADOS
Dependência química intensa, com forte compulsão e dificuldade de cessação
Câncer de pulmão, boca, garganta, esôfago, estômago e bexiga
Doenças respiratórias crônicas como bronquite e enfisema
Doenças cardiovasculares, como infarto e AVC
Danos à pele, dentes, gengivas e hálito
Impacto severo na saúde de pessoas expostas ao fumo passivo, incluindo crianças e gestantes
REDUÇÃO DE DANOS – CUIDADOS PRÁTICOS
Reduza gradualmente o número de cigarros por dia
Estabelecer metas pode ajudar a diminuir a exposição e os danos.Evite fumar em ambientes fechados ou perto de outras pessoas
Isso protege quem está ao seu redor dos efeitos do fumo passivo.Dê intervalos maiores entre os cigarros
Pausas maiores ajudam no controle do impulso e na reconexão com o próprio uso.Hidrate-se bem e cuide da higiene bucal e respiratória
A nicotina resseca as mucosas e prejudica a flora bucal e a respiração.Considere terapias de substituição
Adesivos, gomas ou sprays de nicotina podem ajudar a reduzir danos e facilitar a redução do uso.Busque apoio se sentir vontade de parar ou dificuldade de controle
O SUS oferece programas gratuitos de cessação do tabagismo com suporte clínico e psicológico.
IMPORTANTE
O tabaco é uma das substâncias mais letais do ponto de vista populacional, responsável por milhões de mortes anuais. No entanto, a Redução de Danos reconhece que nem toda pessoa consegue ou deseja parar imediatamente. Por isso, propõe estratégias reais, acolhedoras e eficazes para minimizar os danos e preservar a saúde e a autonomia.
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