top of page
KETAMINA

Compartilhe este conteúdo

A ketamina é uma substância psicoativa com ação depressora e dissociativa sobre o sistema nervoso central. Atua nos receptores do tipo NMDA, interrompendo a comunicação normal entre neurônios e provocando efeitos como anestesia, alucinações e sensação de distanciamento do corpo e da realidade.

HISTÓRIA E CONTEXTO NO BRASIL


A ketamina foi sintetizada em 1962, nos Estados Unidos, como alternativa mais segura à fenciclidina (PCP). Seu uso médico se popularizou durante a Guerra do Vietnã e, até hoje, é amplamente utilizada em cirurgias e emergências. No Brasil, seu uso é permitido em ambientes clínicos e veterinários, com regulação pela Anvisa.


Nas últimas décadas, a ketamina passou a ser utilizada em contextos recreativos, especialmente em festas e raves, onde ficou conhecida como "Special K". Também tem sido estudada e aplicada experimentalmente em contextos terapêuticos, especialmente no tratamento de depressão resistente e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), embora esses usos ainda não estejam amplamente regulamentados.


FARMACOLOGIA


A ketamina age como antagonista dos receptores NMDA, um tipo de receptor do glutamato, o principal neurotransmissor excitatório do cérebro. Essa ação causa uma “desconexão” entre as regiões cerebrais, resultando em anestesia, distorções sensoriais e efeitos dissociativos. 


Seus efeitos aparecem rapidamente: entre 1 a 5 minutos por via injetável, e entre 10 a 30 minutos por via oral ou nasal. A duração varia de 30 minutos a 2 horas.


EFEITOS


Efeitos desejados (doses baixas a moderadas):


  • Relaxamento e sensação de leveza

  • Desconexão do corpo ("flutuação")

  • Alteração na percepção de tempo e espaço

  • Visões oníricas e introspecção

  • Euforia e distanciamento emocional


Efeitos adversos (doses altas ou uso frequente):


  • Náusea, tontura e vômitos

  • Perda de coordenação e fala arrastada

  • Confusão mental e amnésia temporária

  • Dificuldade para urinar (em uso crônico)

  • Ansiedade, delírios ou "bad trip" dissociativa

  • Em doses muito altas: efeito "buraco K" (K-hole), com paralisia, alucinações intensas e sensação de morte iminente


USO CRÔNICO E DANOS ASSOCIADOS


  • Lesões na bexiga (cistite induzida por ketamina)

  • Comprometimento da memória e da atenção

  • Aumento de tolerância e compulsividade no uso

  • Queda de pressão e arritmias cardíacas

  • Vulnerabilidade a acidentes durante os efeitos

  • Danos em contextos sociais e relacionais


REDUÇÃO DE DANOS – CUIDADOS PRÁTICOS


  • Comece com doses pequenas e conheça seu corpo
    A resposta à ketamina pode variar bastante. Comece devagar e observe os efeitos antes de redosar.

  • Evite misturar com outras substâncias
    Especialmente com álcool, benzodiazepínicos ou opioides, que aumentam o risco de sedação profunda e perda de consciência.

  • Prefira locais seguros e tranquilos
    Use em locais silenciosos e com clima acolhedor. A ketamina pode gerar confusão e desorientação, aumentando o risco de quedas ou acidentes.

  • Evite uso frequente
    A ketamina pode causar dependência psicológica e danos urinários. Respeite intervalos entre os usos.

  • Mantenha-se hidratade e alimente-se bem
    Evita desconfortos físicos e ajuda o corpo a processar melhor a substância.

  • Evite usar sozinhx
    Tenha uma companhia confiável, especialmente se for a primeira vez ou em doses maiores. Alguém de confiança pode ajudar em emergências.

  • Busque apoio se necessário
    Se notar que está usando compulsivamente, enfrentando efeitos negativos duradouros ou desejando parar, procure serviços de saúde ou grupos de apoio.


IMPORTANTE


A Redução de Danos é uma estratégia baseada no cuidado, na escuta e no direito de cada pessoa viver com segurança e dignidade, mesmo em contextos de uso de substâncias. Reduzir danos é salvar vidas.

Compartilhe este conteúdo

KETAMINA

bottom of page