
Compartilhe este conteúdo
O crack é uma forma fumável da cocaína, com efeitos estimulantes intensos e de curta duração sobre o sistema nervoso central. Atua principalmente no núcleo accumbens e em outras áreas do cérebro associadas ao prazer e à compulsão. Por ser inalado, atinge o cérebro em cerca de 10 segundos, provocando um pico de euforia seguido por uma queda abrupta.
HISTÓRIA E CONTEXTO NO BRASIL
O crack é um derivado da planta Erythroxylum coca, originária da América do Sul. Tradicionalmente, as folhas de coca eram mascadas por povos andinos há milhares de anos, com uso medicinal e ritualístico. A transformação da cocaína em crack – uma forma fumável cristalizada – surgiu nos anos 1980 nos Estados Unidos, em meio à repressão às drogas e ao racismo institucionalizado.
No Brasil, o crack começou a circular nas grandes cidades no final da década de 1980 e início dos anos 1990, se popularizando principalmente entre populações empobrecidas e em situação de rua. Seu uso foi associado à exclusão social, criminalização da pobreza e ausência de políticas públicas eficazes. Até hoje, o estigma e a violência recaem mais sobre o usuário do crack do que sobre a substância em si.
FARMACOLOGIA
O crack é fumado, o que faz com que a absorção da substância seja quase imediata pelos pulmões e rapidamente atinja o cérebro. Isso gera efeitos intensos, porém de curta duração (cerca de 5 a 15 minutos).
Ele age bloqueando a recaptação dos neurotransmissores dopamina, serotonina e noradrenalina, o que causa a sensação de euforia e excitação. Após o pico, ocorre um “crash” com sensação de vazio, tristeza e compulsão por mais uso, o que leva ao padrão de consumo repetido em curto intervalo de tempo.
EFEITOS
Efeitos desejados (doses típicas):
Sensação intensa de prazer e euforia
Aumento da energia e da atenção
Redução do sono e da fome
Aumento da autoconfiança
Efeitos adversos (uso continuado ou em excesso):
Ansiedade, paranoia e irritabilidade
Insônia e inquietação extrema
Taquicardia, sudorese e tremores
Perda de apetite e emagrecimento acentuado
Psicose induzida por substância (alucinações, delírios)
Risco de infarto e AVC
USO CRÔNICO E DANOS ASSOCIADOS
Compulsão intensa e rápida dependência
Lesões pulmonares, nos lábios e no trato respiratório
Danos cardiovasculares graves
Deterioração da saúde mental e social
Vulnerabilidade à violência urbana e institucional
Estigmatização e exclusão social
Aumento do risco de infecções, como HIV e hepatites, pelo uso compartilhado de cachimbos
REDUÇÃO DE DANOS – CUIDADOS PRÁTICOS
Prefira cachimbos de vidro ou materiais não metálicos
Usar latas ou objetos improvisados pode liberar substâncias tóxicas e causar queimaduras.Não compartilhe o cachimbo
Isso ajuda a evitar a transmissão de hepatites, HIV e outras infecções.Higienize o cachimbo regularmente
Limpar o bocal e as partes em contato com a boca reduz riscos de feridas e contaminações.Evite ambientes fechados e abafados
Fumar ao ar livre pode reduzir os danos respiratórios e melhorar a oxigenação.Hidrate-se e alimente-se
O crack desidrata e reduz o apetite. Comer e beber água regularmente ajuda o corpo a se proteger.Dê pausas entre as pedras
Isso reduz o risco de compulsão, ansiedade e paranoia.Busque ajuda se precisar
Se você sentir que perdeu o controle sobre o uso ou estiver em sofrimento, procure apoio de serviços de saúde, redes de cuidado ou de ume amigue de confiança.
IMPORTANTE
A Redução de Danos é uma estratégia de cuidado e dignidade. Em vez de julgar ou punir, ela oferece alternativas práticas e respeitosas para preservar a saúde, os vínculos e a vida das pessoas que usam substâncias.
Compartilhe este conteúdo
