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Trump, Diversidade Corporativa e o Desafio de 2026: Um Chamado aos Ativistas de Direitos Humanos no Brasil

Foto do escritor: Carlos SantosCarlos Santos

Com a posse de Trump em 2025 e o enfraquecimento global de políticas inclusivas, o artigo explora o impacto na luta por direitos humanos no Brasil e a urgência de resistir ao avanço da extrema-direita antes das eleições de 2026.



A posse de Donald Trump como 47º presidente dos Estados Unidos, em 20 de janeiro de 2025, marca um momento decisivo na escalada da extrema-direita global. Seu discurso nacionalista, recheado de promessas de "restaurar a ordem" e "proteger a soberania", foi recebido com entusiasmo por seus apoiadores e com preocupante apreensão por ativistas de direitos humanos ao redor do mundo. Como relatado pela RTP, a cerimônia no Capitólio destacou uma retórica alinhada a valores ultraconservadores e economicamente protecionistas (RTP).


Enquanto isso, no setor corporativo, vemos um reflexo direto dessas tendências. A Meta, controladora de plataformas como Facebook, Instagram e WhatsApp, anunciou recentemente a paralisação de seus programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI). A empresa justificou a decisão como parte de uma "reorganização estratégica", mas é evidente que a pressão de setores conservadores desempenhou um papel crucial. Essa medida não apenas enfraquece estruturas de inclusão, mas também valida discursos que tratam diversidade como uma pauta dispensável ou excessivamente politizada (G1).


Para nós, ativistas de direitos humanos no Brasil, esses movimentos são um sinal de alerta. Com as eleições de 2026 se aproximando, é imperativo que estejamos organizados para enfrentar o avanço da extrema-direita e proteger nossas conquistas democráticas. Grupos históricos como mulheres negras, pessoas LGBTQIAP+ e comunidades periféricas, que sempre estiveram na linha de frente das lutas sociais, já sofrem os ataques mais severos. A intersecção de gênero e raça não pode ser ignorada nessa batalha por narrativas e direitos.


O Enfraquecimento das Estruturas de Inclusão e seus Impactos


A decisão da Meta representa de forma emblemática o impacto que discursos conservadores têm no enfraquecimento das iniciativas de diversidade. Quando grandes corporações abandonam programas de inclusão, enviam uma mensagem clara: os compromissos com equidade e justiça social podem ser sacrificados sob pressões externas, em favor do lucro. No Brasil, onde a luta por direitos humanos é frequentemente estigmatizada, o risco é ainda maior. Essa desmobilização fragiliza comunidades já vulneráveis, perpetuando ciclos de exclusão.


Nosso papel, enquanto ativistas, é garantir que esses retrocessos sejam visibilizados e enfrentados. Não podemos nos limitar a denunciar; é essencial construir alternativas e fortalecer redes de resistência.


A Importância de uma Ação Coordenada


O contexto atual exige organização em três frentes prioritárias:


  1. Comunicação Estratégica e Militante: Precisamos aliar novas e antigas ferramentas de comunicação para mobilizar e engajar diferentes grupos. Redes sociais devem ser usadas para desmontar discursos de ódio, combater fakenews e promover campanhas que coloquem gênero, raça e classe no centro do debate. No entanto, é essencial retomar estratégias comunitárias: fortalecer rádios locais, jornais comunitários, zines e outras formas acessíveis de comunicação. Reuniões de bairro, rodas de conversa e uma linguagem que se conecte diretamente às vivências cotidianas são fundamentais para gerar reflexão política. Inspirados pela pedagogia freiriana, devemos construir a conscientização a partir da realidade de cada comunidade, evidenciando como as políticas autoritárias impactam diretamente suas vidas e a necessidade urgente de resistência.


  1. Mobilização e Formação Política: É urgente investir na formação de lideranças comunitárias, especialmente entre mulheres negras e pessoas LGBTQIAP+, ampliando sua capacidade de influenciar processos políticos e sociais.


  1. Incidência Corporativa e Advocacy: Devemos pressionar empresas a manterem compromissos com diversidade, demonstrando que retrocessos como o da Meta impactam negativamente tanto a sociedade quanto os próprios negócios. A responsabilidade social corporativa não pode ser negociada.


Um Chamado para 2026


Como ao longo de toda a história, ao mínimo sinal do levantar do fascismo, precisamos nos movimentar em sentido de resistência. Não há outra alternativa; se tolerarmos mais uma vez a insurgência do autoritarismo, estamos sujeitos ao extermínio.


A experiência com Trump nos Estados Unidos é uma lição de que retrocessos democráticos começam com o enfraquecimento das vozes progressistas. As eleições de 2026 no Brasil serão cruciais para impedir que o avanço da extrema-direita consolide um projeto autoritário. Nossa luta deve ser audaciosa, organizada e baseada em ações práticas que garantam que as pautas de gênero e raça sejam centrais na construção de um futuro mais justo.


Como ativistas, precisamos transformar nossa indignação em mobilização. O desafio é grande, mas a história nos ensina que a resistência é capaz de superar qualquer tentativa de silenciamento. Não é apenas uma questão de lutar; é sobre vencer.



REFERÊNCIAS


RTP. Posse de Donald Trump: frio impediu cerimônia no exterior do Capitólio. Disponível em: https://www.rtp.pt/noticias/mundo/posse-de-donald-trump-frio-impediu-cerimonia-no-exterior-do-capitolio_v1628826. Acesso em: 20 jan. 2025.


G1. Meta, dona de Facebook e Instagram, encerra programa interno de diversidade e inclusão. Disponível em: https://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2025/01/13/meta-dona-de-facebook-e-instagram-encerra-programa-interno-de-diversidade-e-inclusao.ghtml. Acesso em: 13 jan. 2025.


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