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Mudança de consciência racial desde a base educacional

Foto do escritor: Leandro SiprianoLeandro Sipriano

Atualizado: 27 de out. de 2024

Storyboard colorido com várias cenas em estilo de quadrinhos, mostrando estudantes de diferentes etnias interagindo em um ambiente escolar. As ilustrações retratam alunos em diversas situações, como em discussões em grupo, em sala de aula assistindo a uma aula, conversando em duplas e trabalhando em atividades colaborativas. O fundo é minimalista, com paredes em tons suaves e bandeiras brasileiras em alguns quadros, reforçando o contexto educacional e inclusivo. A paleta de cores é vibrante e acolhedora, transmitindo união e respeito entre os alunos.

Desde os movimentos libertários até os movimentos antirracistas de hoje, a luta contra o racismo tem representado papel de resistência no esforço de mostrar que as conquistas de ocupação de espaço, apesar da resistência evidente pela negação ou desonestidade, precisam avançar porque o abandono após a Lei Áurea deixou – e ainda deixa – o povo negro ao relento sem direitos assegurados juridicamente, como educação e moradia. Um contraponto desse desbalanço no acesso a bens e serviços foi o povoamento da região sul no século XX com ajuda do governo federal para imigrantes europeus, tempo em que conseguiram, não por sorte, desenvolver atividades econômicas e culturais livremente por causa do que é conhecido como pacto racial; ou seja, eles tiveram privilégios para viver naquela região sem qualquer obstáculo porque o alcance ao direito assimila aqueles que são da mesma raça da classe dominante.


Tocar nesse ponto do privilégio consegue facilmente ser estendido a um outro ponto convergente com a questão racial; a população LGBTQIAP+. Esse encontro certamente reside no modo de produção da divisão do trabalho, se por um lado o desenvolvimento dos países colonizadores dependeu da mão de obra negra sem pagamento, a LGBTfobia parte da premissa da produção de capital humano para que a elite continue tendo mão de obra barata, pois quanto mais pessoas nascem, maior a concorrência e menos as empresas precisam pagar porque a oferta de emprego é menor do que a quantidade de pessoas procurando, produzindo inevitavelmente uma crise que resulta na manutenção da pobreza.


Por esse motivo, é bom entender o funcionamento das leis do passado e do presente, pois elas se encontram de maneira muito forte na maneira como as instituições punitivas atuam para com os negros. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) tem em seu texto o estímulo ao ensino de componentes úteis para o entendimento do funcionamento político, questões de desigualdade racial, social e econômica. Mas como se pode dar consistência e exemplos didáticos da realidade dos e para os estudantes entenderem, desde a educação básica, a motivação dos esforços que tantas pessoas têm feito até hoje para diminuir os estragos causados pela escravidão e LGBTfobia? A resposta para essa dúvida parece estar dentro do próprio contexto apresentado: a educação. Acontece que o diálogo precisa ir além de simplesmente repetir frases batidas como “racismo é errado”. Abaixo segue o print retirado do site do MEC em modelo para navegação mostrando as Competências Específicas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas para o Ensino Médio:


Dado o foco do texto, se defende que as competências para que os jovens desenvolvam a autonomia dita no início do texto a partir da compreensão das diferenças e construções da sociedade brasileira, seriam as de número 1, 4, 5 e 6.


Dentro da sala de aula, um jeito de aproximar a teoria com a prática seria introduzir a Transposição Didática aliada a estratégias de inter e transdisciplinaridade, dando a chance de apresentar uma abordagem de conteúdos relacionados à raça e etnia traduzida para a realidade desses estudantes. A ideia é implementar metodologias diversas de ensino, como mostrar estatísticas sobre essas populações invisibilizadas enquanto explica sobre políticas públicas; em outro momento, mostrando a abrangência conteudística dos genótipos e fenótipos para discutir Colorismo e Passabilidade, sem que tudo isso fique preso à disciplina da Sociologia.


Alguns debates sobre desigualdade racial no país ainda são escondidos como um tabu ou até mesmo são vistos como superados, deixando assim de espalhar por causa do tempo e das mudanças discutíveis na ascensão social dos negros. Tentar esconder o passado quando ele ainda é presente, além de desonesto, só fortalece uma herança do silêncio, também chamado de “cala boca”. A consciência coletiva do povo brasileiro ainda é prejudicada pela falsa existência da democracia racial, ainda mais pelo racismo estrutural ao longo dos séculos que vem dificultando inclusive a autodeclaração racial entre negros, no entanto, essa culpa fica na conta do próprio racismo.


A fixação das questões da luta antirracista desde a base educacional, oferecidas em formato de componente curricular, tem a capacidade de trazer impacto positivo na formação cidadã porque se torna uma grande aliada na disseminação de saberes diversos para enxergar a realidade da sociedade brasileira, incluindo a correlação do recorte racial com o acesso ao mercado de trabalho, números de mortalidade, vulnerabilidade socioeconômica e às taxas de violência. Portanto, promover a compreensão das raízes desses problemas, deve produzir a longo prazo uma sociedade comprometida em estabelecer metas de funcionalidade em prol de todos e não de maneira propositalmente segmentada.

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