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Ingrid (Inabi): Arco, Arte, Ativismo e Resistência

"Como uma mulher LGBTQIAP+, minha arte é uma projeção do meu ser, minha voz num mundo que muitas vezes prefere que pessoas como eu permaneçam em silêncio."


Ingrid Inabi
Foto: Acervo pessoal Inabi

Nas entranhas da comunidade do Coque, a mais de 2.000 km de sua cidade natal, Jaboatão dos Guararapes, Ingrid Laisa Lima da Silva, ou simplesmente "Inabi," fala com a linguagem que conhece melhor: a arte. "O breaking me salvou," comenta enquanto arruma suas ferramentas de gravura, "mas o ativismo me deu propósito."


Inabi é uma tapeçaria de identidades. Cada fio representa uma parte dela: mulher, lésbica, artista, ativista. Em 2014, quando as ruas de Jaboatão dos Guararapes ressoaram com os ritmos do Hip-Hop, ela encontrou sua primeira linguagem artística. Desde então, seu repertório expandiu para incluir teatro e artes visuais, uma expansão mediada por sua formação em Artes Visuais pelo Instituto Federal de Pernambuco Campus Olinda. "Trabalho como técnica impressora de gravura, faço parte de coletivos como Gráfica Lenta e Gravos, e ainda encontro tempo para ensinar as próximas gerações", explica.


Quatro anos atrás, ela decidiu mudar-se para a comunidade do Coque. Esse deslocamento geográfico também sinalizou uma mudança em suas perspectivas artísticas e ativistas. Ao lado de Natália, sua companheira, e de sua gata Onilé, Inabi tornou-se educadora social da Associação Maracatu Nação de Oxalá, "atravessando pessoas", como ela mesma diz, através da educação e da arte.


"Ser artista é correr contra o fluxo constante da sociedade. É um tipo de ativismo," afirma Inabi. E neste ativismo, o pessoal é político. "Como uma mulher LGBTQIAP+, minha arte é uma projeção do meu ser, minha voz num mundo que muitas vezes prefere que pessoas como eu permaneçam em silêncio."


A respeito da Arco, Inabi descreve-a como uma entidade feita de pessoas queridas que representam vozes frequentemente silenciadas em Jaboatão dos Guararapes. "A Arco é uma forma de nos vermos refletidas, de nos sentirmos pertencentes. É uma voz para aqueles que foram historicamente ignorados. A Arco vem fazendo política de qualidade, que nunca ninguém fez em Jaboatão. Lembrando que estamos falando de uma cidade extremamente conservadora, que nunca deu importância para nossas corpas”, concluiu Inabi.


Quando perguntada sobre o significado de ser uma mulher LGBTQIAP+ em Jaboatão, ela responde com uma palavra: "Resistência". Depois, expande: "É um ato de resistência sonhar em uma cidade que muitas vezes tenta te empurrar para as margens. Mas estamos aqui, e não vamos a lugar nenhum."


Inabi finaliza com uma mensagem para outras mulheres LGBTQIAP+ que seguem a Arco: "Somos sementes poderosas. Vamos fincar nossas raízes juntes, florescer e estar ao lado de pessoas que potencializem nossa voz. Mas antes de tudo, precisamos urgentemente nos articular para escolher representantes que façam esse esse jardim continuar se desenvolvendo, ramando em um ambiente cheio de cuidados."


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